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sábado, 30 de novembro de 2013

tristeza na madrugada

era um choro tão triste
que quem ouvia chorava
era um grito solitário 
sem consolo
era o desespero
na madrugada
estampado no vento
que batia nas janelas
fechadas
era uma angústia perene
um choro na madrugada

Pedestre

consciência mutável
pensamento pedestre
é piada da vida
é verdade
é um teste

é sempre o mesmo jogo
o mesmo chão
a mesma linha
o mesmo botão

a mesma idéia 
em outra garrafa
ansiedade e êxtase
tudo passa

em conta-gotas
os gritos se misturam 
ao barulho da ressaca

a realidade se fantasia de pirata
quase tudo faz sentido
mas logo passa

quarta-feira, 19 de junho de 2013

a carne amaciou
de tanto levar pancada
a mente se cansou
de sempre estar errada

o dia clareou
quando pensava ser o fim
se enganou
errou o fim

finalmente
tudo correu como um raio
uma luz
um esplendor 

amnésia

Eles se esqueceram de nós
ou fomos nós que nos esquecemos de tudo
perdidos no escuro?

presente apagado
futuro 
escondido
 em sementes
 do passado


sexta-feira, 24 de maio de 2013

livre

não devo nada a ninguém
sou livre pra cantar
minhas cantigas e canções
de amor

falar de ódio
reclamar e agradecer
cantar rock and roll
mpb

falar sem entender
sem coerência 
coesão

querendo aparecer lá no Faustão

fugindo da explicação
que tenta me convencer
que eu, que eu
sou eu!

fugindo da explicação 
que tenta me convencer
que eu, que eu,
não sou eu!

o meio

no meio disso tudo
existe uma cola
que não desgruda ninguém!

no meio das verdades
se escondem as mentiras
se escondem as verdades
para enganar você!

no meio do sermão
se inclui o ensinamento
e o fiel nem vê!

no meio das palavras
colocam-se os pontos
para parar você!

nas entrelinhas
está a essência
a intenção que não se vê!

um grito mudo
na cabeça
repercute
e ninguém vê!

um homem santo 
uma besta-fera
escravo insano
do querer!





No escuro


Acha mais fácil fazer planos 
que viver a realidade

Dentro de um quarto
você se esquece do mundo
e chora

sem porquê

Calado no escuro 
você ora
para escuridão
não te comer

Cansado de rezar,
você implora
para o mundo te atender

Enquanto isso você chora e implora
para o mundo te esquecer
chora, enquanto isso 
ninguém vê

no escuro (cifra)


(E G A A) 2x

C G
Acha mais fácil fazer planos 
D
que viver a realidade
C
Dentro de um quarto
G Bm
você se esquece do mundo
Em
e chora
D   C   G
sem porquê

D     C
Calado no escuro 
       G
você ora
                Em
para escuridão 
C    D      G
não te comer

F      G
Cansado de rezar,
    Am
você implora
C Em
para o mundo te atender
C D       G        Em
enquanto isso você chora e implora 
C A
para o mundo te esquecer
A           A7                        D 
chora, enquanto isso ninguém vê



terça-feira, 7 de maio de 2013

trilhos


a vida parece uma montanha russa...
a gente entra e senta no carrinho
o cinto aperta
e depois disso
não tem como parar
tem que ir o caminho até o final
passando bem ou passando mal

nem falar que quer descer
tem que ir indo
curtindo os altos e baixos
o frio na barriga
e ouvindo os gritos dos outros 
que estão no trenzinho

e vamos que vamos
sendo levados nos trilhos
sendo levados nos trilhos

piuí!
no meio do caminho não tem estação
no meio da fumaça
céu azul

dentro da fornalha, emoções
que queimam, que queimam
e o trenzinho vai por aí

subindo colinas, descendo cascatas
debaixo de chuva e sol
seguindo pro interior
deixando pra trás o som
do apito que grita sem dó

deixando pra trás as planícies
passando por cima dos pastos
perdendo-se entre as montanhas
'garrado nos trilhos do tempo e do espaço

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

eu mudo


o que sou
não dá para explicar
o silêncio é tão bonito

onde vou
não tem como chegar
os mapas só complicam

o que é
o que deve ser
seria melhor calar?

onde o querer
é só mais um
dos sons que me invadem

o meu saber
só é mais uma
das minhas verdades

em deixar ser 
não há mal algum
viver a realidade

tudo é parecido


cada um com a sua função
o pastor e o ladrão
são bem parecidos

o profeta e o patrão
o doutor e o peão
são bem parecidos

o covarde e o valentão
o humilde e o cusão
vão pela mesma rua

o ditador e o vilão
os viciados em saber
os dependentes de atenção
vão pela mesma rua

de repente, sem porquê
o corpo cai na rua
o povo vai te esquecer
a morte é só sua

queria, queria


queria ter o que não podia
queria ser o que não seria
queria ver o dia de natal

queria estar aonde não sabia
queria ver o que não veria
queria ser cara-de-pau

queria estar atento ao momento
queria ser dono da razão
queria poder me misturar ao vento
queria me encontrar na solidão

só queria ter um tempo pra pensar
sem cair em contradição
queria poder me amar
sem dar satisfação

queria estar do lado da vida
e mesmo assim participar
queria ver as verdades da vida
sem me apavorar

vivo a vida



vivo a vida 
e posso sentir
o descontentamento

faço voltas pra fugir
durmo ao relento

conto os passos pra chegar
além do pensamento
conto os dias pra mudar
tudo o que eu penso

compro coisas só pra ser
um cara especial
canto coisas pra esquecer
e acredito ser normal

de que vale o tempo e o destino
de que serve ser normal?
de que vale o desconhecido
que amanhã será normal?