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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

eu mudo


o que sou
não dá para explicar
o silêncio é tão bonito

onde vou
não tem como chegar
os mapas só complicam

o que é
o que deve ser
seria melhor calar?

onde o querer
é só mais um
dos sons que me invadem

o meu saber
só é mais uma
das minhas verdades

em deixar ser 
não há mal algum
viver a realidade

tudo é parecido


cada um com a sua função
o pastor e o ladrão
são bem parecidos

o profeta e o patrão
o doutor e o peão
são bem parecidos

o covarde e o valentão
o humilde e o cusão
vão pela mesma rua

o ditador e o vilão
os viciados em saber
os dependentes de atenção
vão pela mesma rua

de repente, sem porquê
o corpo cai na rua
o povo vai te esquecer
a morte é só sua

queria, queria


queria ter o que não podia
queria ser o que não seria
queria ver o dia de natal

queria estar aonde não sabia
queria ver o que não veria
queria ser cara-de-pau

queria estar atento ao momento
queria ser dono da razão
queria poder me misturar ao vento
queria me encontrar na solidão

só queria ter um tempo pra pensar
sem cair em contradição
queria poder me amar
sem dar satisfação

queria estar do lado da vida
e mesmo assim participar
queria ver as verdades da vida
sem me apavorar

vivo a vida



vivo a vida 
e posso sentir
o descontentamento

faço voltas pra fugir
durmo ao relento

conto os passos pra chegar
além do pensamento
conto os dias pra mudar
tudo o que eu penso

compro coisas só pra ser
um cara especial
canto coisas pra esquecer
e acredito ser normal

de que vale o tempo e o destino
de que serve ser normal?
de que vale o desconhecido
que amanhã será normal?